O deputado maranhense Marcos Caldas
(PRB) sempre foi um político com pouca expressão e sem prestígio entre
mandachuvas de seu Estado. Ao assumir a vice-presidência da Assembleia
Legislativa, no ano passado, ele também não se destacou nem apresentou projetos
relevantes. Apesar disso, uma sucessão de impedimentos dos sucessores naturais
da governadora Roseana Sarney o levou à cadeira de governador do Maranhão por
dez dias, enquanto a ocupante do posto viajava para os Estados Unidos. O breve
reinado de Caldas, porém, acaba neste domingo 15. O tempo que passou no cargo
serviu para que inaugurasse obras em seus currais eleitorais e visitasse
correligionários usando helicóptero oficial. Os compromissos eleitoreiros
ofuscaram por alguns dias o real problema que o deputado enfrenta desde o mês
passado. Ele foi incluído nas investigações da Polícia Federal sobre o
assassinato de uma estudante no Piauí e virou suspeito de envolvimento com uma
rede de prostituição interestadual.
O nome de Marcos Caldas, conhecido como
Marcos Play, aparece em escutas telefônicas com amigas da jovem Fernanda Lages,
que morreu em agosto de 2011, jogada de uma altura de 26 metros de um prédio de
Teresina. Uma delas é Nayara Veloso, que promovia festas e encontros de
figurões da política e empresários com belas estudantes. Nayara foi presa
acusada de esconder informações relevantes para as investigações sobre o caso.
Coincidentemente, quem fez sua defesa foi o escritório de Ronaldo Ribeiro, um
advogado do Maranhão que é amigo pessoal de Marcos Caldas e costumava ir com
ele ao Piauí.
O deputado conhecia a jovem assassinada,
mas sempre negou aproximação. Mesmo assim, a PF, que entrou no caso a pedido do
governador do Piauí, Wilson Martins, convocou o político para prestar
depoimento. Como tem a prerrogativa de escolher data e local, Caldas ainda não
depôs. Fontes da PF afirmam que o objetivo é esclarecer qual a relação do
parlamentar com a vítima e com suas amigas acusadas de promover e frequentar
boates acompanhadas de políticos. Caldas admite conhecer as garotas e
participar de festas em Teresina. Nega, no entanto, aproximação com elas.
Inclusive com Nayara, que, segundo as investigações, usava o carro oficial do
político para buscá-lo no aeroporto.
Conhecido pelo gosto por festas e
relações com garotas de programa, o governador interino do Maranhão também
carrega outras suspeitas no currículo, que tem mais a ver com sua conduta na
vida pessoal do que com corrupção política. Marcos Caldas estaria num veículo
que atropelou dois jovens em junho de 2011 e não prestou socorro. Também teria
atirado em um segurança. Como se vê, Marcos Play, o breve, tem muito a
explicar.
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