Ao lado de Carlos Lupi, e Flávio Dino, o pedetista
saiu em defesa de Dilma e oficializou sua pré-candidatura à Presidência em 2018
Ciro Gomes no Palácio dos Leões, sede do governo do Maranhão |
IGOR GADELHA
O ESTADO DE S. PAULO
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) acusou neste domingo,
6, o vice-presidente da República,
Michel Temer (PMDB) de ser o "capitão do golpe" do processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff, deflagrado na semana passada na
Câmara dos Deputados. A acusação foi feita durante entrevista coletiva no
Palácio dos Leões, sede do governo maranhense, em que Gomes, ao lado do presidente
nacional do PDT, Carlos Lupi, e do governador do Maranhão, Flávio Dino, saíram
em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff.
"Perguntem qual é a opinião do Michel Temer,
vice-presidente da República, sobre o fato de seu companheiro, amigo, parceiro,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter contas na Suíça, ser denunciado por crime de
formação de quadrilha, de roubo do dinheiro público. Ele não tem uma opinião.
Por quê? Porque é íntimo parceiro. E não por acaso o beneficiário imediato
dessa ruptura da democracia e dessa imensa e potencial crise para 20 anos. É
ele mesmo o senhor Michel Temer, o capitão do golpe", afirmou Gomes.
O ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula
afirmou que o processo de impeachment tem sido tocado por um "grupo de
mafiosos" que estão se utilizando de "protocolos formais" para
derrubar a democracia brasileira. Para ele, o "golpe" não tem sido
orquestrado apenas pelo PMDB, mas por grupos internacionais de interesses
conservadores e reacionários que "cobiçam o petróleo brasileiro".
Nesse contexto, Ciro defendeu que é preciso "engolir" os
"abusos" do governo atual, em nome da preservação da democracia.
“Três anos de um governo que a gente não gosta
passam num piscar de olhos", afirmou. "Mas isso nos aponta para
segunda grande tarefa: exigir, pedir suplicar que a presidenta Dilma se
reconcilie com valores e grupos sociais que lhe deram a vitória. Porque a
sensação grave hoje entre nós é de que fomos enganados. A sociedade esperava
uma coisa, ouviu dela uma proposta, e temos a sensação de que estamos recebendo
exatamente o oposto", emendou.
Na coletiva, o presidente nacional do PDT lançou a
pré-candidatura de Ciro à Presidência da República em 2018. Lupi afirmou que o
ex-ministro é o político "mais preparado" e "mais
habilitado" para a função. O dirigente fez questão de ressaltar que o
lançamento da candidatura não é uma "oportunidade eleitoral". Prova
disso, ressaltou, foi a defesa que ele, Ciro e Dino fizeram contra o
impeachment da presidente Dilma Rousseff durante a entrevista. "Não
estamos defendendo a presidente Dilma por conveniência", ponderou.
Ciro Gomes não comentou o lançamento da
pré-candidatura durante a coletiva de imprensa. Em entrevistas recentes,
contudo, o ex-ministro já tinha dado sinais de que quer ser candidato à
sucessão da presidente Dilma Rousseff em 2018. Caso a candidatura se confirme,
será a terceira vez que Gomes disputa o comando do Palácio do Planalto. Ele foi
candidato à presidente da República em 1998 e 2002, terminando em terceiro e
quarto lugar na disputa, respectivamente.
Flávio
Dino diz que processo de impedimento é golpe
Governador Flávio Dino no Palácio dos Leões |
Na entrevista deste domingo, Flávio Dino destacou
que a instauração do processo de impedimento de Dilma é "golpe", pois
não tem base constitucional. Ele lembrou que as chamadas "pedaladas
fiscais" foram cometidas em 2014, no primeiro mandato da presidente e que
sequer ainda foram julgadas pelo Congresso Nacional. O governador lembrou ainda
que, ao aprovar o Projeto de Lei do Congresso (PLN) que alterou a meta fiscal,
os parlamentares deram "prova" de que não querem o impeachment e
mostraram que há espaço para diálogo sobre o assunto.
O presidente nacional do PDT, por sua vez, afirmou
que o processo de afastamento de Dilma é uma tentativa de rasgar a Constituição
de 1988. Para ele, Eduardo Cunha não tem legitimidade para deflagrar o
processo, por ser alvo de investigação por envolvimento nos esquemas de
corrupção da Petrobras e por ter contas não declaradas na Suíça. Para Lupi,
apesar de o País passar atualmente por uma situação "grave", o
"ódio não pode ser maior do que o Brasil".
Processo
O processo de impeachment da presidente Dilma
Rousseff foi deflagrado na última quarta-feira pelo presidente da Câmara. No
parecer, o peemedebista usa como base para autorizar o processo as
"pedaladas fiscais" e a abertura de créditos suplementares em 2015
sem autorização do Congresso, que, segundo ele, ferem a Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF). Nesta segunda-feira, deputados deverão eleger os 65 membros da
comissão que dará parecer sobre o processo na Câmara.
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