Pedido foi protocolado nesta terça pelo
senador Telmário Mota (PDT-RR) e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi
VALMAR HUPSEL FILHO E ISABELA BONFIM
O ESTADO DE S.PAULO
BRASÍLIA - Ao retornar para o Senado, um
dia depois de pedir exoneração do ministério do Planejamento, o senador Romero
Jucá (PMDB-RR) será alvo no Conselho de Ética de processo disciplinar por
quebra de decoro de parlamentar. O pedido, protocolado na manhã desta terça,
24, pelo senador Telmário Mota (PDT- RR), adversário do peemedebista em
Roraima, e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, acusa o peemedebista de
tentar obstruir a investigação da Operação Lava Jato.
A denúncia toma como base os trechos da
conversa em que Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado falam sobre
a investigação da Lava Jato. A transcrição foi relevada na segunda, 23, pelo
jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com os denunciantes, no
diálogo "verifica-se que, durante toda a conversa divulgada, resta
inequívoco o propósito do Denunciado de utilizar o governo de Michel Temer para
atrapalhar ou impedir as apurações da operação contra os agentes políticos
envolvidos". "É clara - sem sombra de dúvidas - a intenção do Senador
denunciado de buscar proteção pessoal e se esquivar do alcance das
investigações, mediante um grande acordo", diz o texto.
O documento faz uma analogia ao caso de
Delcídio do Amaral (sem partido-MT), que foi preso e acabou cassado após a divulgação
de áudios em que ele foi flagrado articulando para obstruir o trabalho dos
investigadores da Lava Jato. A representação contra Delcídio foi relatada por
Telmário Mota.
"Há um claro propósito de que o
novo governo, com o vice-presidente Michel Temer, resolva os 'problemas' que a
'Operação Lava Jato' acarretou à classe política tradicional no Brasil. Além
disso, os áudios demonstram a opinião do Senador de que seria necessário
afastar a Presidente da República, Dilma Rousseff, para que a sangria da 'Operação
Lava Jato' seja estancada", afirma o documento.
Pouco antes de entrar com a denúncia,
Telmário Mota afirmou que considerou a gravação uma flagrante tentativa de
obstrução de Justiça. "Ele fala que é preciso ter o impeachment para fazer
um pacto nacional para paralisar a Operação Lava Jato. Isso é obstrução da
Justiça", disse.
Já como senador, Jucá compareceu à
sessão do Congresso para votar a alteração da Meta Fiscal. No plenário, Jucá
disse que no diálogo gravado não há nenhuma ação que denote tentativa de
impedir a Lava Jato. Jucá afirmou que solicitou informações ao procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, para saber se houve algum crime no diálogo
gravado. "Falei para Michel (Temer) que me afastei enquanto a PGR não
responder essa questão", disse. "Amanhã me defenderei no plenário do
Senado", completou.
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