Polícia
fará perícia para atestar se texto foi escrito por suspeito de ter se matado
depois de assassinar a mulher e os filhos em condomínio de luxo na Barra da
Tijuca
Constança
Rezende e Nathalia Larghi
O
Estado de S.Paulo
RIO -
A polícia encontrou uma carta no apartamento do executivo Nabor Coutinho de
Oliveira Júnior, de 43 anos, suspeito de ter se matado depois de assassinar a
mulher e os filhos. No documento, Nabor relata problemas de ordem profissional
e o temor de não conseguir sustentar a família. O titular da Divisão de
Homicídios, Fábio Cardoso, vai pedir perícia grafotécnica na carta para atestar
a autoria do texto.
"Sinto
um desgasto (sic) profundo por ter falhado com tanta força, por deixar todos na
mão. Mas melhor acabar com tudo logo e evitar o sofrimento de todos. E, nos
últimos dias, passei a ser menos envolvido ou copiado nos e-mails dos projetos
que estão rolando. Pode ser cisma minha, mas parece que é um sinal de que não
me querem mais lá", escreveu.
Ex-diretor
da TIM, Nabor havia se demitido da companhia telefônica em julho e estava
abrindo nova empresa. Ele escreve sobre a "decisão arriscada" de
iniciar novo negócio.
"Está
claro para mim que está insustentável e não vou conseguir levar adiante. Não
vamos ter mais renda e não vou ter como sustentar a família. E da forma como
tudo ocorreu sei que meu nome vai ficar queimado no mercado."
Ele
escreveu também que a família está sem cobertura de plano de saúde e se refere
ao histórico médico da mulher e do filho caçula, sem entrar em detalhes.
"Ainda
não conseguimos contratar um novo plano de saúde porque estava aguardando a
criação do CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). Agora que saiu, está
com o Bradesco para avaliar o preço. Com o histórico médico da Laís e do
Arthur, será que aprovam? Será que não vai ficar super caro?"
A
polícia acredita que Nabor tenha matado a mulher a facadas. Laís Khouri, de 48
anos, foi encontrada na cama do casal, com ferimentos no pescoço. Em seguida,
ele teria jogado os filhos, Henrique Khoury de Oliveira, de 10, e Arthur Kohury
de Oliveira, de 6, e pulado do 18º andar do prédio Lagoa Azul, no condomínio de
luxo Pedra de Itaúna, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.
No
apartamento da família, os policiais acharam faca e martelo, ambos
ensanguentados. A Divisão de Homicídios vai investigar se o homem golpeou os
filhos com a ferramenta antes de jogá-los da janela. A tela da varanda estava
cortada.
"Estamos
trabalhando com todas as hipóteses. Já apuramos que Oliveira não tinha nenhum
antecedente criminal, e os vizinhos relataram que ele era uma pessoa
tranquila", afirmou o delegado Fabio Cardoso.
Nabor
trabalhou na TIM por 18 anos. Até julho deste ano, ele era gerente de marketing
sênior de Serviços Inovadores da empresa. Segundo a assessoria de imprensa da
telefônica, seu desligamento foi por conta própria. Ele estava abrindo uma
startup (empresa iniciante de tecnologia).
De
acordo com as informações em seu perfil no Facebook, Nabor estudou engenharia
de software na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Gestão de Negócios
no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec). Seu gosto musical ia de
Carlos Malta a Gabriel, o Pensador. Ele admirava esportistas como os tenistas
Guga Keurten e Fernando Meligeni, e os jogadores de basquete Oscar Schmidt,
Magic Paula e Hortência Marcari.
Nenhum comentário:
Postar um comentário